domingo, 11 de dezembro de 2011

Quinze para as nove.

A coisa mais triste que já me aconteceu. Nem brigo mais com a vida, não quero entender nada. Vou nos lugares, vejo a opinião de todo mundo, coisas que acho deprê, outras que quero somar, mas as deixo lá. Tô deixando tudo lá. Não mexo em mais nada. Não quero. Odeio as frases em inglês mas o tempo todo penso ''I don't care'. Me nego a brigar, pra quê? Passei uma vida sendo a irritadinha, a que queria tudo do seu jeito. Amor só é amor se for assim. Sotaque tem que ser assim. Comer tem que ser assim. Estudar, dormir, respirar. E eu seguia brincando, querendo o mundo do meu jeito, na minha hora. Querendo consertar a fome do mundo e o restaurante brega. Algo entre uma santa e uma pilantra. Desde que no controle e irritada. Agora não quero mais nada disso, de verdade. Ah meu trabalho não ficou bom? Me dá 0. Não ligo se a faca tirar uma lasca do meu dedo na hora de cortar a maçã. Não ligo pra dor, pro sangue, pro desfecho da novela, se o trânsito parou. Deixa assim, a vida é assim. Não brigo mais. Não quero arrumar, tentar, me vingar, não quero chances, não quero vencer, não quero a última palavra, a explicação de porque as pessoas são tão cruéis, a mudança, a luta, o jeito. Eu quero de verdade, do fundo do meu coração, dormir. Eu quero não sentir, quero ver a vida em volta sem sentir nada. Uma emoção paralitica. Só rir nos meus sonhos de leve e superficialmente do que tiver muita graça e talvez escorrer uma lágrima para o que for insuportavel. Mas tudo meio por osmose, sei la. Nada pessoal ou pessoal. Algo tipo fantoche, alguém que enfie a mão dentro de mim vez ou outra, e me cause um movimento qualquer. Quero não sentir nada. Só não sou uma suicida em potencial porque ser fria me causa alguma curiosidade e eu não consigo, me nego. Eu quis tanto ser feliz, tanto que chegava a ser arrogante. O trator da felicidade. Atropelei o mundo, tanta coisa dentro do peito, tanta vida, tanta coisa que só afugenta a tudo e a todos e só fez afugentar um dos seres mais importantes pra mim. Não quero mais ser feliz, nem triste, nem nada. Quer dizer, quero ser feliz mas só consigo dormir. Eu quis tanto mandar na vida agora nem chego a ser mandada por ela. Deixa a vida ser como ela é, desde que eu continue dormindo. Ser invisível o que era antes meu grande pavor, ganhou finalmente uma grande desimportancia. Quase um alivio. I don't care.

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