quinta-feira, 3 de novembro de 2011
Lá estou eu em mais uma noite mal terminada, risos pela metade, abraços estranhos. Olho pro lado e sinto uma saudade imensa, doída, desesperançada e até cínica. Saudade de alguma coisa ou de alguém, não sei. Talvez de mim, do útero da minha mãe, do meu anjo da guarda, do meu pai, de uma cena perfeita que meu inconsciente formou na infância e que eu me encarreguei de acreditar como sendo meu futuro. Meus amigos me adoram e talvez chorariam se eu morresse. Mas será que eles sabem que eu penso sempre na morte? Será que eles sabem que aquela garota que tá ali no canto da mesa, de decote, rindo pra caramba, contando mais uma de suas aventuras vazias e descartáveis, acorda todos os diaas pensando: o que eu realmente quero com essa vida? Como eu faço pra ser feliz? Será que eles sabem que se estou morrendo de rir agora, daqui a pouco vou morrer de chorar? E isso mesmo com remedio, mesmo com macumba, mesmo com espiritismo, mesmo com meu amor sempre do meu lado. Será que eles sabem o tanto que eu sofro e o tanto que eu não sofro a cada segundo? Minha melhor amiga me ama, mas ela adora que eu seja o erro em pessoa só pra ela se sentir o acerto em pessoa. Meu melhor amigo me ama, muito, mas se pudesse de verdade, ele transaria comigo a noite inteira. Meu outro amigo me chamou de infeliz um dia e eu nunca mais consegui rir da infelicidade dele. Meus amigos me amam, muito, mas nem o máximo de amor de uma pessoa chega perto do que deveria ser amor. Amor não significa mais amor. E eu, mais uma vez, olho para o lado morrendo de saudade dessa coisa que eu não sei o que é. Ter alguém comigo pra confiar. Sinto um nojo enorme e desesperador de todos os afetos em pílulas que posso ganhar. Odeio todas as minhas pílulas, odeio todos os amores baratos, curtos e não amores que eu inventei só pra pular os dias sem dor. A cada semana sem dor que pulo, pareço acumular uma vida de dor. Preciso parar. Mas a solidão dói e eu sigo inventando personagens. Odeio minha fraqueza em me enganar e mais ainda a dor que vem depois dos dias entorpecidos. Eu invento o amor das pessoas por mim sim, e dói admitir isso. Mas é que eu não aguento mais não dar um rosto pra minha saudade. E não aguento os copos, as fumaças, as pessoas descartaveis, as intenções.. É tudo pela metade. Ao menos minha fantasia da confiança é por inteiro. Enquanto dura. No final bruto, seco e silencioso da melhor festa do mundo que nem começou, é sempre isso mesmo. E eu aqui comendo meus cookies na frente dessa merda de pc, ouvindo música triste meio querendo chorar, meio querendo mentir sobre a vida até acreditar. Aí limpo o rosto e percebo que não faz o menor sentido ser uma criança chorona preocupada. Aí eu me acho louca. E aí eu deito pra dormir e penso em mil coisas. E eu rezo a Deus que não espere mais eu ser legal para ser legal comigo, porque eu to esperando ele ser legal comigo para ser legal. Aí eu penso que ele já é legal comigo e que talvez, eu ja seja legal com ele. E que tá tudo bem. Mas se eu penso que tá tudo bem nesse segundo, isso só significa que vou pensar o oposto no segundo seguinte. E que escrevi 'ele' sem maiúscula mesmo, porque amigo íntimo a gente não fica com essa coisa de endeusar. E eu queria que ELE fosse meu amigo íntimo. E quando vou ver, já dormir. Sozinha.
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