domingo, 15 de maio de 2011

Começou assim: eu subi as escadas e lá estava você, querendo parecer jovem com uma camiseta branca. ''Juliana Madôrra?'' . Eu meio que tropecei e demorei anos pra me levantar. Eu te amava com uma mistura de todos os meus personagens e por isso, tão intensamente. Eu era uma menina deslumbrada que amava ver suas invenções por aí, era uma menina carente que amava seu jeito de pai, uma mulher em formação que se formou com você, uma depressiva neurótica que precisava das suas piadas que deixavam tudo leve, até sua ausência e impossibilidade eu amava com toda a minha vontade de grudar em você pra sempre. Até que cheguei ao ponto de te amar sei lá por que, o que deve ser o verdadeiro amor.
Um dia seu cheiro começou a me dar um azedo na alma. Seu jeito, uma preguiça de me encantar. Suas palavras, um zumbido chato que me animava a prestar atenção em outra coisa. Era o instinto me dizendo que não dava mais pra sofrer. Amor também morre de saudade, sabia? E eu tinha saudade de te amar pura. Depois de levantar duzentas vezes e ir para o canto do ringue, cuspir sangue e ouvir a torcida dentro do meu coração gritar pedindo mais, eu fui a nocaute.
Você sabia melhor do que ninguém que a felicidade me esmagava e eu ficava ainda mais carente quando ganhava carinho. Por isso você era em doses homeopáticas a pessoa mais carinhosa do mundo e também o ser mais frio do planeta. Muito em pouco, o máximo no mínimo, quase nunca pra sempre, nunca mais todos os dias. Mas agora você se distrai com as coisas do mundo, com as meninas que podem te ter do lado, que podem te querer. Não é inveja, nem ciúme, nem dor, é cansaço dessa vida banal que me arrota na cara toda vez que eu engulo ar para aumentar ainda mais a minha intensidade. Por que as pessoas são assim tão esquecíveis e passageiras? Por que planejar uma agenda de motivos para não ser de alguém com medo de se perder?

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